Luiz Henrique Mandetta e Nelson Tech participaram de um evento realizado em São Paulo (SP), onde foi apresentado um estudo sobre a ‘Avaliação do impacto do gasto social com saúde sobre a economia brasileira’
Mandetta e Tech participaram de evento em São Paulo (SP) sobre o SUS (Foto: Divulgação/Roche)
Há mais de 30 anos presente na vida dos brasileiros, o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo, carrega em sua história avanços e desafios.
Em entrevista exclusiva ao portal A CRÍTICA, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich compartilharam suas visões sobre a gestão e o acesso à saúde no país, especialmente no contexto das desigualdades regionais, gestão administrativa e eficiência orçamentária.
Mandetta e Teich participaram de um evento realizado em São Paulo (SP), na última semana, onde foi apresentado um estudo sobre a ‘Avaliação do impacto do gasto social com saúde sobre a economia brasileira’.
Mandetta e Tech participaram de evento em São Paulo (SP) sobre o SUS
O levantamento mostrou que o aumento de recursos destinados ao SUS pode ter impactos significativos na economia brasileira, sendo uma ferramenta estratégica para o crescimento econômico e a redução das desigualdades sociais no país.
Henrique Mandetta, que comandou o Ministério da Saúde entre janeiro de 2019 e abril de 2020, tendo enfrentado uma das maiores crises de saúde do mundo em sua gestão, a pandemia de Covid-19, se apresenta em suas redes sociais como “Fã do SUS”.
Durante a entrevista, ele destacou que o sistema de saúde pública do Brasil teve avanços significativos, especialmente em tempos de crise, como na pandemia. No entanto, reconheceu que ajustes ainda são necessários para melhorar o acesso à saúde no país.
Henrique Mandetta destacou que o sistema da saúde pública do Brasil teve avanços significativos, especialmente em tempos de crise, como a pandemia
O ex-ministro destacou também os avanços no sistema que levaram o acesso a saúde as comunidades remotas, como ribeirinhos e indígenas. Segundo Mandetta, experiências duras em saúde como foi a pandemia, “onde o SUS foi muito olhado, muito cobrado”, serviu também para o aprimoramento desse sistema em diferentes contextos, tornando-o mais experiente.
Já Nelson Teich, que teve uma passagem breve, mas intensa, comandando a pasta da Saúde entre abril e maio de 2020, após a saída de Mandetta, disse que as políticas públicas em saúde devem ser adaptadas às características de cada região. Teich defendeu a necessidade de uma abordagem mais estratégica para reduzir desigualdades regionais no acesso à saúde.
Ao relembrar sua gestão, Mandetta comentou que a primeira ação que ele planejou ao assumir o Ministério da Saúde foi a execução de 100% do orçamento da pasta. "Se temos um orçamento, devemos executá-lo completamente. Não fazia sentido devolver dinheiro enquanto enfrentávamos carências graves no sistema", afirmou.
Questionado sobre quais foram as principais barreiras enfrentadas para provar que saúde é um investimento, especialmente no contexto do SUS, Teich não poupou exemplos de problemas enfrentados durante sua gestão.
Tanto Teich como Mandetta assumiram que a gestão em saúde em um país com tantas especificidades como o Brasil é um desafio e tanto. Teich afirma que mudanças estruturais no sistema de saúde demandam continuidade e compromisso político acima de interesses individuais.
(Foto: Divulgação/Roche)
Já Mandetta defendeu a necessidade de planejamento logístico para suprir estados como o Amazonas, que enfrentam desafios únicos devido à localização geográfica e infraestrutura. Ele também destacou a importância de prevenir doenças, priorizando ações simples, mas impactantes, como a vacinação.
Por fim, ambos concordam que o futuro do sistema de saúde pública do país depende de planejamento estratégico, gestão eficiente e cooperação entre os níveis de governo. Com suas peculiaridades e complexidades, o SUS continua sendo uma das maiores conquistas dos brasileiros, mas que exige atenção constante quanto às necessidades apresentadas diariamente.